terça-feira, 18 de outubro de 2011

Ontem,enquanto andava de um lado a outro pelo meu quarto, vizualizei na minha estante de livros um exemplar o qual não via desde a minha sexta série.
Era um paradidático finíssimo, com o desenho de uma menina gorda sentada em um sofá observando duas moças magras a se olharem em um espelho.E, acima da imagem, vinha o título: "A Gorda e a Volta por Cima".
Bom, devo dizer que esse livro marcou minha infância, ou começo de adolescência, como quiser chamar.Simplesmente porque meus colegas, na época que recebemos o livro, começaram a chamá-lo de "Amanda e a Volta por Cima".Eu era gorda,ainda sou gorda, apesar de um pouco mais proporcional do que à época.Sempre sofri com essas perseguições estúpidas que as pessoas têm com as gordas, passando por apelidos como "Hagrid", até o nome do livro.
Não posso dizer que fui uma das gordas que mais sofreu com perseguições. Na verdade, até que consegui passar minha adolescência relativamente em paz, com todos rindo da minha cara, mas apenas pelas costas, preservando minha sanidade mental.Na minha oitava série, radicalizei meu estilo ao me tornar uma daquelas góticas de quinta categoria, o tipo de gótica que usa franjas e roupas pretas ou roupas com caveirinhas cor de rosa, que pinta os olhos com muito lápis preto e deixa o cabelo em torno do olho, como a Mortiça,que gosta de usar gravatinhas e spikes nos pulsos, que gosta de pôr medo nos garotos, como quem diz "OUSE me chamar de alguma coisa!".Alcancei minha altura atual ainda na sétima série (um metro e setenta e três), ou seja, eu era alta e gorducha, o que me fazia ser maior que todos os garotos da sala.Somando ao meu estilo gótico assassino, devo dizer que entendo porque ninguém mexia comigo nessa época.
Eu ainda era grande para o restante da turma no primeiro ano.Mas já no segundo ano, eu me tornei uma pessoa com altura mediana, já que quase todos os garotos (e algumas garotas) da sala já eram bem mais altos que eu.
Não fiquei livre dos engraçadinhos, mas desses ninguém fica, nem o capeta.
De qualquer forma, o fato de eu ter passado minha adolescência inteira gorda fez com que eu não me envolvesse com determinadas pessoas.E por tais pessoas quero dizer exatamente aquelas que zoam gordas, gays, magrinhos, cabeludos, emos, nerds, punks e afins.O grupo de pessoas com quem andava ( e ando) sempre foi formado por esse tipo de pessoas - pessoas sem preconceito.O preconceito que tinham nunca usaram para agredir ninguém, a não ser elas mesmas.E o fato de eu ter estado sempre do lado "perdedor" fez com que eu formasse uma consciência crítica a respeito do mundo e das pessoas.
Estar do lado desvalorizado fez com que eu percebesse o quanto somos todos iguais, todos humanos, e o quanto somos capazes de ser estúpidos às vezes.Fez com que eu percebesse que a vida é linda, muito desvalorizada e sofrida.Fez também com que eu passasse a escolher a dedo as pessoas com quem ando,me relaciono.E não as escolho pela forma como se vestem,agem,comem ou são.Simplesmente as escolho porque, hoje, já sei diferenciar quais são as pessoas CERTAS.Quem são aqueles que são capazes de ver o mundo de uma maneira sã, independentemente de religião, cor, sexualidade, forma ou estilo.
De acordo com Nietzsche, as pessoas que estão por baixo sempre pensam que estão certas.Sempre pensam que o CERTO é estar por baixo, que é ERRADO ser rico, bonito, magro ou o que seja.Que é errado ser melhor.Para Nietzsche, essa é a única forma que as pessoas menos afortunadas encontraram de aceitar a vida.Pois acreditam que estão pobres agora, mas que depois da morte terão os melhores lugares no "céu".Diz que as pessoas que têm menos,ou que são menos, acham que é errado ter mais e ser mais porque elas nunca terão nada disso.
Concluindo, não é errado ser bonito,rico ou o que seja.Tanto que, se você acha que ser bonito é ser de tal maneira,o certo mesmo é você tentar alcançar tal realidade, e não apenas reclamar que não tem.O que é errado mesmo é ter e zombar de quem não tem,ser e zombar de quem não é.
Pois afinal somos todos humanos, e tudo isso aqui não passa de um contrato social corrompido e dominado por poucos.
É incrível como sempre podemos contar com o humor!
Devo admitir que eu estava bem mais nervosa para minha prova do vestibular antes de hoje de manhã.Apesar de toda a reflexão e de toda a culpa por negligência ter sido engolida quase por completo, ainda tinha um grande pavor (de verdade) de ficar nervosa na hora. (é isso ai,eu fiquei nervosa por ficar com medo de ficar nervosa... vai entender) Mas ai, hoje de manhã, meus professores (os que conseguiram terminar o conteúdo mais cedo na aula) começaram a falar sobre coisas que eu podia fazer no dia da prova.Eu ri tanto que fiquei com dor de barriga, e aquilo me fez tão bem que rezei para todos os professores fazerem o mesmo.
O nome do professor não vem ao caso, mas este em especial foi incrível.Utilizou a capacidade que tem ser engraçado ao ficar sério, e mencionou táticas para que nos déssemos bem, que iam desde o local para sentar até a forma de agira em determinadas situações e com as pessoas.O que ele disse que mais me ajudou foi que é impossível não ficar nervoso.E mais ainda de que ficar nervoso é bom,se esse nervosismo for controlado e utilizado a meu favor.Ele disse que pessoas que não estão nervosas tem mais dificuldades de concentração, simplesmente porque estão viajando com os olhos pela sala, e não tão apegados ao tempo curto que a concentração se torna obrigatória.
Isso fez com que eu visse meu nervosismo, o qual eu aceitei,de uma forma mais natural, e talvez até boa.
Vou ficar nervosa, sem dúvida. Mas saberei lidar com meu nervosismo na hora, e tenho certeza de que me sairei bem, no final.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Estou para fazer vestibular no próximo final de semana.A universidade daqui só permite entrada a partir do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), que é uma prova extremamente longa e cansativa (são noventa questões por dia, 45 por tecnologia, tipo humanas, matemática e tal),e que deixa os alunos à flor da pele alguns dias antes.
Devo dizer que já estive mais nervosa na minha vida.Claro que eu não tenho como supor como estarei no dia em si,sentada em uma cadeira na qual nunca sentei e rodeada de estranhos, com comida em cima da banca e imaginando todas as possíveis formas de tudo dar errado.O grande problema está na realidade de que eu não posso ficar nervosa.
Simples assim.Eu não posso ficar nem um pouquinho nervosa, porque isso acarreta aquelas síndromes de pânico que eu tenho o tempo todo por tudo.O nervosismo me faria tirar uma nota furada, horrível, e eu não posso me deixar abalar por isso.
Eu preciso de uma média de 730 pontos (mais ou menos) para passar no curso que eu quero (apesar de não vir ao caso, o curso é Psicologia.).Não que essa seja uma média imposta, mas porque essa é a média das notas que as pessoas que passam em psicologhia tiram, ou um pouco menos, o que significa que tirando essa nota eu praticamente garanto minha vaga.
Apesar de esse ser um blog de reflexões, por tudo em panos limpos me acalmaria um pouco, e como o blog é meu e eu faço o que eu quiser com ele, vou por algumas coisinhas aqui.
A nota do ENEM é dividida em duas.Tem a nota da redação + nota das tecnologias.Como a prova vale 1000, no total, os pontos das tecnologias (que são 180 questões) são divididas por 180 e multiplicadas por 1000, depois somadas com a nota da redação ( que também vale 1000) e divididas por 2.
Ou seja, a média que eu preciso tirar nas tecnologias, considerando que eu sempre tiro em torno de 750 a 950 na redação, é de 120 questões.
Eu suponho que eu consigo tirar mais que 750 na redação ( vou treinar mais essa semana, temas como homofobia, bullying, sustentabilidade, trânsito, nova proposta ambiental e etc...), mas para tudo isso, eu preciso de CALMA.
O que não é fácil conseguir,por sinal.
Bom,isso foi um desabafo.Só gostaria de deixar registrado aqui que eu tentarei o máximo conseguir me acalmar para essa prova.Respirarei fundo e sempre deixarei claro para mim mesma que vestibular não é o fim do mundo.Apesar de eu querer muito ir logo estudar na universidade,conseguir certa independência e tudo mais, existe a possibilidade de eu não passar.E se isso ocorrer, apenas erguerei minha cabeça e tentarei novamente.
Tenho minha família ao meu lado para o que der e vier.
Por outro lado, eu POSSO passar.Eu sou muito boa em humanas, linguagens e na redação, e isso é suficiente para eu tirar a nota que almejo.
É isso.Eu só preciso estudar, confiar em meu potencial e manter a cabeça erguida.
Porque enquanto eu acreditar em mim mesma, não ficarei nervosa, porque não terei do que duvidar.
Sempre existirão dificuldades na vida, pois é disso que ela é feita.As dificuldades são a única coisa que faz a vida ser diferente da morte, que nos faz sentir,transpirar,respirar, ver e etc.A vida é tão linda, em todo o seu esplendor, que as dificuldades se tornaram uma parte considerável e importantíssima dela.
Aceitando as dificuldades, só preciso lidar com elas.
Vai dar tudo certo no final.Conseguirei minha liberdade e maturidade para seguir em frente.Tudo passou muito rápido, e esse pedaço de minha vida também passará.
Vou estudar agora, me manter calma e honrar minhas próprias palavras.

domingo, 16 de outubro de 2011

É incrível como a culpa pode mudar a gente.Ela afeta nossa forma de agir, afeta nosso semblante, até mesmo nossa forma de transpirar.Eu já senti culpa, muita culpa, tanta culpa que pensei que jamais seria perdoada por mim mesma, que eu jamais conseguiria voltar a ser o que era antes.
Sinto culpa agora mesmo.Justifico meus atos, interna e inconscientemente,e simplesmente rezo para minha consciência aceitar minhas desculpas.
A verdadeira justificativa, na maior parte das vezes, é a preguiça, mas a minha consciência não costuma gostar muito dela.
A preguiça atrasa a gente.Acredito que se nós não sentíssemos preguiça, a vida seria muito mais bem aproveitada.Cada segundo que perdemos com preguiça de levantar da cama poderia estar sendo usado lendo, ou escrevendo, ou mesmo comendo.Na maior parte das vezes, a preguiça não é justificada, pois quando o é recebe o lindo nome de SONO.Mas, na maioria das vezes, é simplesmente uma resposta de nosso corpo sedentário para evitar o movimento, pois ele não quer se mover.
Há algum tempo atrás, comecei a efetuar comigo mesma uma tática.Quando eu sentia preguiça de fazer algo, fosse me levantar,fosse pegar alguma coisa, fosse estudar ou catar algo do chão, ou mesmo ir a algum lugar ou anotar algo, bom, quando sentia preguiça, eu simplesmente FAZIA o que tinha de fazer.Senti preguiça?Imediatamente ignorava, antes que sentisse preguiça de continuar com aquilo.
Devo dizer que me fez muito bem.Por que eu parei?Bom, comecei a achar justificativas melhores para evitar fazer certas coisas, justificativas que mascaravam a preguiça.
Bom, decerto farei novamente.Mas a partir de amanhã, porque agora eu estou com preguiça.E minha justificativa é de que dá tempo de estudar para o meu vestibular nesse sábado sem precisar tocar no livro hoje.
Entendeu como funciona?
Me disseram uma vez que eu devia sonhar menos.Eu sinceramente não compreendi o que a pessoa me disse.Não O QUE ela me disse, mas o POR QUE.POR QUE eu devia parar de sonhar?Sonhar menos, você disse.
A pessoa me disse que eu devia colocar os pés na Terra.Que eu devia parar de viajar para outros países e planetas e o que fosse para ficar AQUI, viver a vida, para não sofrer depois com o chamado "Golpe de Realidade".
Mas, poxa, eu vivo a vida.Eu vivo o máximo que eu posso.Eu vou à escola, eu tenho amigos, eu como, eu durmo, eu escovo os dentes, eu grito e eu choro por causa da realidade.Então, qual o grande mal em não ficar aqui?Qual o grande mal em sair, para qualquer lugar, à qualquer hora? Qual o grande mal em sonhar ser uma grande psicóloga, ou uma confeiteira ou dançarina?Ou os três?QUAL O GRANDE MAL em deixar de SER por algumas horas da minha vida, por alguns dias, alguns anos?
Porque vou perder tempo?Tempo este que poderia estar sendo usado em algo mais produtivo?
Não!Nada é mais produtivo que EU.Nada é mais produtivo que rir ouvindo uma música, me imaginando dançando tango, ou fazendo um bolo, ou estudando filosofia na Itália, na França ou no Maranhão!
Claro que eu preciso de dinheiro para realizar todos os meus sonhos.Claro que eu preciso de apoio, preciso de ajuda, de pessoas.Claro que não pode ficar tudo apenas na minha cabeça.
Mas eu SEREI!EU SEREI TUDO QUE QUERO SER, afinal.Eu conseguirei dinheiro fazendo o que eu quero,mesmo que sejam três coisas de uma vez!Não posso dizer que com esse dinheiro realizarei meus sonhos, até porque consegui-lo do jeito que quero já é realizar um sonho, UM de muitos.
Eu imagino minha vida linda.Minha vida é linda, do jeito que é, e o que a torna ainda mais bela é a possibilidade de ela ser MAIS linda, estando essa possibilidade em minhas mãos.
E não é deixando de sonhar que alcançarei meus objetivos.É apenas sonhando as coisas certas.
Como sonhar as coisas certas?É só sonhar o que quiser.
"Era a primeira vez que ela sorria para o mar.Pelo menos desde que o vira pela primeira vez.Era lindo,extenso,e ela não podia deixar de imaginar terras longínquas, com tantos segredos e tanta magia.Odiava o fato de ter tudo no mapa de geografia para estragar a brincadeira.
O farol não produzia qualquer sombra no mar de final de tarde.O sol estava morno e escondido, longe da baía australiana, e tudo estava calmo a ponto de dar sono.Ela não gostava de ir à praia durante a manhã, pois, apesar daquela praia ser mais desabitada do que as outras que ela já havia visto, ainda assim lotava e se enchia de murmurinhos e conversas, além do sol escaldante,que pareciam acabar com o calma daquele lugar.
¨não é o mesmo lugar, com o cheiro de amendoim cozido e cerveja¨ - além daqueles surfistas idiotas.
Apertou o quartzo rosa na palma da mão.Era a pedra de seu signo,Virgem.A pedra estava quente de tanto que ela a segurava.Queria poder se livrar dela,mas é claro que não podia.Aquela pedra representava para ela algo tão grande que nem mesmo ela podia sufocar isso.
Que saudades, meu Deus."